Novo ministro da articulação política do governo, Carlos Marun admitiu, nesta terça-feira, que o governo está condicionando a liberação de financiamentos na Caixa Econômica Federal, pedidos por governadores, a apoios pela aprovação da reforma da Previdência. Marun negou que esteja chantageando governadores e chamou a ofensiva de “ação de governo”.
“Financiamentos da Caixa Econômica Federal são ações de governo, o governador poderia tomar esse financiamento no Bradesco, não sei aonde. Obviamente, se são na Caixa, no Banco do Brasil ou no BNDES são ações de governo. Nesse sentido, entendemos que deve sim ser discutido com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência, que é uma questão que entendemos hoje de vida ou morte para o Brasil”, disse Marun.
O ministro admitiu ainda que aqueles governadores que não colaborarem poderão ter maior dificuldade na liberação desses empréstimos. Marun disse esperar “reciprocidade” dos Estados, com votos a favor da reforma previdenciária.
“O governo vai atuar nessa questão com a seriedade e a gravidade que a questão possui. Realmente o governo espera daqueles governadores que têm recursos a serem liberados, financiamentos a serem liberados, uma reciprocidade no que tange a questão da Previdência”, admitiu o ministro, negando qualquer grau de chantagem nas negociações:
“Olha, eu não entendo que seja chantagem do governo atuar no sentido de que um aspecto tão importante para o Brasil se torne realidade, que é a modernização da Previdência.”
Pedir “reciprocidade” é justo
O ministro afirmou ainda ser justo pedir essa “reciprocidade” aos governadores, já que os parlamentares de cada Estado serão beneficiados eleitoralmente pelos recursos que vierem a ser liberados via financiamento.
“Nós realmente estamos conversando com governadores que têm financiamentos para serem liberados para que nos ajudem a aprovar a reforma. Até porque, aqueles parlamentares ligados a esses governadores, obviamente em função das ações que serão resultado desse financiamento, terão aspectos eleitorais positivos.”
Marun se reuniu com o presidente Michel Temer na tarde desta terça-feira e afirmou que explicou ao presidente o motivo de tanto otimismo em relação à aprovação da Previdência. O ministro disse ainda que se reunirá, nesta quarta-feira, com Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e que o relator da proposta, deputado Arthur Maia (PPS-BA), também será convidado.
“Posicionei o presidente a respeito das razões do meu otimismo. Tenho conversado diariamente com dezenas de parlamentares e essas conversas têm transformado minha confiança em certeza de que vamos aprovar em fevereiro a reforma da Previdência”, explicou.
Apelo
Em um pronunciamento na noite de domingo, o presidente Michel Temer fez um novo apelo pela aprovação da reforma da Previdência, prevista para ser votada em fevereiro de 2018. Com uma mensagem de otimismo, o presidente afirmou ter “plena convicção” de que os parlamentares irão votar a favor da reforma e que “não faltarão ao Brasil”. Temer disse ainda que reformar o sistema previdenciário “não é uma questão ideológica ou partidária”, mas “uma questão do futuro do País”. O presidente mencionou o caso da Argentina, que recentemente aprovou a proposta, não sem protestos violentos que tomaram o País.
“Devo dizer uma palavra sobre a Reforma da Previdência: não é uma questão ideológica ou partidária, é uma questão do futuro do País e para garantir que os aposentados de hoje e os de amanhã possam receber suas pensões.”
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