A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) informou nessa sexta-feira que a bandeira tarifária será verde no mês de janeiro, o que significa que não haverá cobrança de taxa-extra nas contas de luz. “O acionamento dessa cor indica condições favoráveis de geração hidrelétrica no Sistema Interligado Nacional. Mesmo com a bandeira verde é importante manter as ações relacionadas ao uso consciente e combate ao desperdício de energia elétrica”, informou a entidade em nota.
Nos últimos meses deste ano, devido ao baixo nível dos reservatórios das principais hidrelétricas do país e à falta de chuvas, a bandeira tarifária aplicou taxa adicional nas contas de luz. Isso ocorre para arrecadar recursos necessários para cobrir custos adicionais com a produção de energia mais cara, gerada por termelétricas.
A mudança da bandeira para verde agora significa, portanto, que as chuvas das últimas semanas ajudaram na recuperação dos reservatórios das hidrelétricas e que há uma expectativa de que essa melhora continue nos próximos meses.
Bandeira vermelha em dezembro
Neste mês, vigorou a bandeira tarifária vermelha em patamar 1, o que representa cobrança-extra de R$ 3 nas contas de luz a cada 100 kWh (quilowatts-hora) consumidos. Em novembro, a bandeira havia ficado na cor vermelha patamar 2, mais alta da escala criada pela agência para sinalizar o custo real da energia gerada. Na ocasião, a cobrança adicional para cada 100 kWh consumidos foi de R$ 5.
À época, a justificativa para o reajuste foi que a falta de chuvas e a situação delicada dos reservatórios das hidrelétricas vêm exigindo o uso maior de energia das termelétricas (usinas que geram eletricidade mais cara), mas o fundo formado pelos recursos das bandeiras tarifárias não vinha sendo suficiente para cobrir o custo extra do setor.
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado para sinalizar aos consumidores o custo da produção de energia no País. O objetivo é permitir que os consumidores adotem medidas de economia para evitar que suas contas de luz fiquem mais caras nos momentos em que esse custo está em alta.
Com os reservatórios das usinas hidrelétricas cada vez mais baixos, por causa da estiagem, o sistema elétrico depende cada vez mais de usinas térmicas, que geram energia mais cara pois funcionam por meio da queima de combustíveis. A cor verde indica que o custo é baixo. A amarela, que ele subiu um pouco. A vermelha, patamar 1, que está alto. E a vermelha, patamar 2, que está muito alto.
Retomada da economia
O consumo total de energia do País está em nível próximo ao registrado em 2014, e o setor industrial se questiona como a demanda deve se comportar em um ambiente de retomada da economia -e seu impacto na tarifa, já que a procura maior por energia a encarece.
A consultoria GV Energy, por exemplo, prevê que a tarifa média de energia suba ao redor de 12% no ano que vem, diante de um volume de chuvas que deve se situar entre 90% e 100% da média histórica até o fim de abril. Pedro Machado, diretor da GV Energy, diz que o viés é de alta se o crescimento econômico superar 2,6%.
A mediana dos economistas consultados pelo Boletim Focus, do BC (Banco Central), já espera alta de 2,7% para o PIB do ano que vem.
Edvaldo Santana, presidente da Abrace, associação dos grandes consumidores de energia, também se preocupa com o efeito de um possível aumento do consumo de energia sobre preços, em especial para a indústria. Os principais reservatórios no Nordeste e no Sudeste, ressalta Santana, estão nos níveis mais baixos da história.
Segundo ele, se chover próximo à média de longo prazo, o reajuste pode ficar mais perto de 20%. Para afastar esse cenário, seria preciso chover de 30% a 40% acima da média.
Fonte: osul.com.br
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