
Eunápolis completou 37 anos de emancipação política nesta segunda-feira (12), mas a data passou em branco para boa parte da população. Pela primeira vez, o ato cívico foi realizado no gabinete do prefeito, em vez da tradicional cerimônia na Praça da Bandeira. Com presença de alguns vereadores, secretários e poucos convidados, o evento destoou da celebração popular esperada, frustrando moradores que esperavam ver sua história valorizada nas ruas.
Foi no gabinete do prefeito que se realizou o hasteamento simbólico da bandeira e a execução do hino municipal, numa cerimônia com presença limitada a vereadores, secretários e alguns representantes da sociedade civil. A população, protagonista da história de Eunápolis, assistiu à distância – ou sequer teve a chance de assistir. A praça, tradicional ponto de encontro nos aniversários da cidade, permaneceu silenciosa.
Além do formato reservado da solenidade oficial, chamou atenção a completa ausência de programação cultural. Não houve a tradicional festa com a participação de artista gospel — costume que marca as comemorações da véspera — nem os esperados shows populares com artistas regionais e nacionais. As apresentações, que costumam lotar a rua Duque de Caxias, no centro da cidade, não aconteceram, frustrando moradores que esperavam pelo menos uma celebração simbólica nas ruas.
A escolha do gabinete como cenário para a solenidade gerou críticas e estranheza. Para muitos moradores, o gesto revelou não apenas um formato reduzido, mas uma postura política que reforça o afastamento da atual gestão em relação à comunidade. A cidade fez aniversário, mas sem o povo — justamente aqueles que constroem sua identidade e sustentam seu cotidiano.
O clima foi de sobriedade, não por luto ou crise evidente, mas por escolha. Uma data que poderia ser de celebração, reflexão e encontro, acabou marcada por um gesto administrativo, distante do sentimento coletivo. O gabinete do prefeito é local de decisão, mas não de memória afetiva ou de expressão popular.
Eunápolis celebrou seus 37 anos, mas a comemoração, para muitos, não passou de uma formalidade protocolar. Faltou rua, faltou povo, faltou calor humano. Faltou festa. A cidade vive, mas seu aniversário foi morno — e, para quem vive a história de perto, esse distanciamento não passa despercebido.
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